BEM
PARANÁ
12
Educação
CURITIBA, TERÇA-FEIRA, 22 DE DEZEMBRO DE 2015
SALA DE AULA
Wanda Camargo |
Leitura de férias
Nas férias o tempo nos pertence e, como ocorre com
a felicidade, se for dividido com quem amamos fica me-
lhor, e contraria as leis da Física, ficando também maior.
Tempo para estar de verdade com familiares e amigos
queridos, tempo de ver a grama crescer e como as crian-
ças cresceram. Tempo de ler, buscar aqueles livros pelos
quais se passou rapidamente na correria do dia a dia, e
os que se leu com prazer em férias distantes. Achar no-
vos livros, novos desafios, novas aventuras. Tempo de
ouvir, novos sons, velhos sons, os sons a que não presta-
mos atenção, mas que não conseguimos esquecer. Tem-
po de dançar, de cantar recentes e antigas canções.
Olhar com calma para filhos
, sobrinhos,
netos; ler com eles e para eles é sempre um grande pra-
zer, e nos rejuvenesce. Contar para eles os segredos que
só nós sabemos de Pedrinho, Narizinho e Emília; Peter
Pan, Harry Potter e Cinderela. Revelar onde descobrimos
essas histórias, contá-las como se ninguém mais as co-
nhecesse, cada criança descobre o mundo e as emoções
nele contidas ao ouvir um conto...
E viajar, com amigos, familiares, jovens, idosos; pois
esta é uma das melhores coisas da vida. Dólar caro, prai-
as cheias, temporada curta, estradas perigosas, aeropor-
tos lotados. Tudo é parte, tudo faz parte de certa manei-
ra, e nada na verdade deveria nos impedir de ir em bus-
ca da próxima curva da estrada, do pássaro azul, das
pessoas que não vemos há um tempão.
Viajar em nossa própria
cidade, quando
dela conhecemos histórias, lendas, casos, nós a vemos
de outra forma, commais intensidade e colorido. Mesmo
que não tenham acontecido, afinal, poderiam ter acon-
tecido, talvez merecessem ter acontecido. Buscar o pala-
cete assobradado, a casa assombrada, o túnel do pirata,
o tesouro dos Jesuítas. Que tal convidar as crianças?
Viajar em nós mesmos. Prestar atenção em mente,
corpo e alma; lembrar quem somos e conhecer quem nos
tornamos.
Uma boa viagem pode
começar pela biblio-
teca ou livraria, para saber o que pensaram do lugar para
onde vamos aqueles que o viveram, que amaram ou de-
testaram cidades, campos, mares, e que os expressaram
a seu modo. A maioria sequer trata de locais existentes,
e certamente falam de outros tempos, mas qualquer via-
gem, mesmo para onde já estivemos ganhará, com eles,
em brilho e consistência.
O Pelourinho em Salvador grita por nós com a voz de
Jorge Amado, as baianas de acarajé, os santeiros, a mag-
nífica Igreja de Nossa Senhora dos Rosário dos Pretos, o
dengo e a formosura.
As Gerais, contadas e cantadas
pelos
mineiros Drummond, Guimarães Rosa, Otto Lara Re-
sende e Milton Nascimento, tiveram também a carioca
Cecília Meireles para contar sua saga maior, a Inconfi-
dência: os ciclos do ouro e dos diamantes, as grandes
mulheres mineiras, Maria Dorotéia (Marília de Dirceu),
Chica da Silva, Bárbara Heliodora; os heróis, os mártires
e os sonhadores. Conhecer mais profundamente o Para-
ná, o Contestado, o fandango, a ilha do Mel, Vila Velha,
lindos e cheios de história.
Fora ou dentro do país natal, a viagem educa, diverte
e nos faz melhores...
Para quem fica aqui
, Dalton Trevisan: “Curi-
tiba, que não tem pinheiros, esta Curitiba eu viajo. Curi-
tiba, onde o céu azul não é azul, Curitiba que viajo. Não
a Curitiba para inglês ver, Curitiba me viaja. [...] Curitiba
sem pinheiro ou céu azul pelo que vosmecê é - provín-
cia, cárcere, lar - esta Curitiba, e não a outra para inglês
ver, com amor eu viajo, viajo, viajo”.
Boas férias!
Wanda Camargo – educadora e assessora da presidência
do Complexo de Ensino Superior do Brasil – UniBrasil.
Geração Z quer ir
além, diz pesquisa
Denominação é dada a quem nasceu depois de 1990 e tem hoje entre 17 e 26 anos
Eles gostam de promover
atividades voluntárias, rea-
lizar atividades extracurricu-
lares e ter algum tipo de do-
mínio do idioma inglês ou es-
panhol. É o que revela levan-
tamento realizado pela Page
Talent (unidade de negócios
da Page Personnel dedicada
ao recrutamento de estagiá-
rios e trainees) sobre a gera-
ção Z (nascidos a partir da
década de 90).
“Os jovens hoje procu-
ram ir além do que o univer-
so acadêmico oferece. Essa
procura constante por novi-
dades e pelo conhecimento
mostra um perfil diferente
Idiomas e outros cursos no radar
“
“Os jovens hoje
procuram ir além
do que o universo
acadêmico
oferece”
Da analisa Manoela
Costa, gerente-
executiva da Page
Talent
Outro ponto de destaque
no estudo refere-se à profici-
ência de uma segunda língua.
A pesquisa mostra que nove
em cada dez jovens tem al-
gum tipo de domínio do idio-
ma inglês: básico (21%), inter-
mediário (24%), avançado
(29%) e fluente (19%).
A língua espanhola é outra
que aparece combastante rele-
vância no levantamento. Da
base consultada, 44%disseram
ter odomínio básicodo idioma.
Para 16%, o conhecimento é
intermediário.Consideraram-se
avançados em espanhol 5% e,
para 3%, fluentes.
“Essa geração já nasceu
conectada e com muito mais
acesso à informação. É natu-
ral dela ler, ouvir e interagir
em outro idioma. Esse conta-
to mais frequente com outra
língua vai construindo uma
identidade com esse jovem e
ajudando ativamente no pro-
cesso de educação”, contaa-
nalisa Manoela Costa, geren-
te-executiva da Page Talent,
responsável pela pesquisa.
A graduação passa longe
de ser a única formação aca-
dessa geração em relação às
outras. Eles são mais inde-
pendentes, empreendedo-
res, curiosos e participativos.
São características deles.
Querem fazer parte do pro-
cesso de transformação do
mundo e não serem apenas
parte do todo”, analisa Ma-
noela Costa, gerente-execu-
tiva da Page Talent.
A Page Talent consultou
jovens de 17 a 26 anos entre
junho e setembro deste ano,
contando com a participação
de 3864 respondentes em
todo o País. A maioria da
amostra é composta pelo
sexo feminino (53%) e por
estudantes/ graduados dos
cursos de Biológicas (6,1%),
Humanas (40,5%) e Exatas
(51,1%).
O levantamento mostra
que 64% dos participantes
dêmica pretendida pelos jo-
vens. De acordo com o levan-
tamento, 41%pretendem cur-
sar pós-graduação. Para 23%,
frequentar um curso de MBA
é o objetivo. Mestrado e cur-
sos de especialização são de-
sejos de 13%. Outra gradua-
ção foi a resposta de 8% e ape-
nas 1% não pretende conti-
nuar estudando.
PERFIL
Geração Z
FAIXA ETÁRIA DE 17
A 26 ANOS
)
64% já fizeram
trabalhos voluntários
)
60% realizaram
atividades
extracurrivulares
)
41% pretende
cursar pós-graduação
)
23% pretendem
um curso de MBA,
mais objetivo
)
13% pretendem
cursar um mestrado
e cursos de
especialização
)
8% farão outra
graduação
)
1% não pretende
continuar estudando
)
Busca constante
de novidades e pelo
conhecimento
)
Independentes,
empreendedores
)
Curiosos e
participativos
Geração Z é a designação dada para aqueles que nasceram a partir da década de 90
Franklin de Freitas
faz ou já fez trabalho volun-
tário. Outro dado que com-
prova o ativismo dessa gera-
ção é o engajamento com
trabalhos fora do ambiente
escolar: 60% informaram que
realizam atividades extra-
curriculares.
“Essa participação cons-
tante dessa geração é algo
que ajuda, e muito, nos pro-
cessos de seleção. São indi-
cadores que pesam na hora
da escolha de um candida-
to. Mostra que a pessoa com
essas características gosta de
desafios e não se limita a uma
única atividade ou função”,
explica a executiva.